REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE Tópicos em eletroterapia: iontoforese
RESUMO
A iontoforese é uma técnica não invasiva de administração de agentes iônicos terapêuticos que utiliza corrente elétrica para uma maneira controlada de aumentar a transferência. Objetivo: Apresentar uma perspectiva histórica e os principais fundamentos teóricos envolvidos na transferência por iontoforese, a fim de incentivar o fisioterapeuta à prática racional e à investigação científica. Métodos: O artigo foi elaborado como uma revisão da literatura relativa aos fundamentos para iontoforese. Resultados: São descritos os termos relativos à instrumentação, os mecanismos de transferência, a estimativa de penetração iônica e os principais fatores que influenciam a técnica. Conclusão: A iontoforese constitui uma alternativa para potencializar a transferência de substâncias ionizáveis, garantindo níveis de concentração superiores à difusão passiva não facilitada pela corrente elétrica, suficientes para desencadear os efeitos terapêuticos desejados. Palavras-chaves: iontoforese, fisioterapia, aplicação medicamentosa transdermal. ABSTRACT
Theoretical background to iontophoresis Background: Iontophoresis is a noninvasive technique for administering therapeutic ionic agents in which an electric current is introduced to provide a controlled manner for enhancing transdermal drug delivery. Objective: To present a historical perspective and the principal theoretical background involved in iontophoresis, in order to stimulate physiotherapists to use it more frequently in their daily practice and for scientific investigation as well. Methods: This article was prepared as a review of the literature relating to the theoretical background for iontophoresis. Results: Terms related to iontophoresis instrumentation, delivery mechanisms, ionic penetration estimation and the main factors that influence this transdermal delivery technique are described. Conclusion: Iontophoresis is an alternative technique for delivering ionic substances, thus ensuring concentration levels that are greater than by passive diffusion unassisted by electric current, and thus sufficient for triggering the desired therapeutic effects.
Key words: iontophoresis, physical therapy, transdermal drug deliver
1 Professor da Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará, Doutorando em Ciências Médicas – UFC 2 Acadêmica do curso de Fisioterapia - UNIFOR
REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
INTRODUÇÃO
A iontoforese é uma técnica não invasiva que usa potencial (<5V) ou corrente elétrica (0,1 a 1 mA/cm2 ) para prover uma maneira controlada de aumentar a transferência transdermal de uma variedade de drogas1,2. O pioneiro na descrição do método foi Pivati, em 1747, porém, seu uso na administração de drogas tornou-se popular no início do século XX, quando Le Duc3 introduziu o termo iontoterapia e formulou hipóteses sobre esse processo3,4. Le Duc demonstrou que íons eram transferidos para a pele pela ação de corrente elétrica contínua e comprovou que essa transferência era pólo orientada, ou seja, dependia da polaridade do íon e do eletrodo sob o qual era colocado3. Desde então, muitos estudos têm sido conduzidos para identificar quais substâncias medicamentosas são viáveis para esse processo de transferência, além de demonstrar os níveis de penetração, distribuição e efetividade da técnica emcondições clínicas5-8. Uma vantagem do uso da iontoforese é a perspectiva do aumento de liberação de drogas ionizáveis quando comparada à absorção percutânea passiva. Na iontoforese, além da difusão passiva, a penetração da droga é aumentada pelos mecanismos de eletrorepulsão, eletrosmose e aumento da permeabilidade da pele9. A liberação transdermal de drogas por iontoforese é, freqüentemente, utilizada para a aplicação de anestésicos locais10, agentes antiinflamatórios6,11-13 e no tratamento da hiperidrose14,15. No tratamento fisioterapêutico, de acordo com a prescrição da substância medicamentosa, a escolha pela iontoforese como coadjuvante tem objetivos que variam segundo a condição clínica alvo. Logo, não são feitas referências à técnica por si só, mas sim a um íon ou substância medicamentosa compatível com os objetivos terapêuticos em questão. No entanto, ainda há relativa carência de estudos clínicos bem documentados relacionados a substâncias medicamentosas e à prática da fisioterapia. Atualmente, com essas características, estão disponíveis cerca de duas dezenas de resumos de ensaios controlados na Biblioteca Cochrane* disponibilizados pela Biblioteca Virtual em Saúde – Bireme, em uma busca a partir do unitermoiontophoresis. Os resultados desses estudos são descritos como efetivos ou satisfatórios 16-21, ruins22-24 ou sem diferença nos itens avaliados quando comparados a grupos placebos ou grupos tratados com outra técnica25-30. Esses estudos controlados sobre a aplicação da iontoforese em diferentes condições clínicas relacionam-se direta ou indiretamente à prática fisioterapêutica, em decorrência da condição clínica tratada ou da droga transferida. O objetivo desta revisão é apresentar ao fisioterapeuta uma perspectiva histórica e os principais fundamentos teóricos e práticos envolvidos na transferência por iontoforese, a fim de incentivá-lo à prática racional e à investigação científica. REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
Assim, são apresentados os seguintes tópicos: introdução, definições de termos relativos à instrumentação, mecanismos de transferência e estimativa de penetração iônica, além dos principais fatores que influenciam a técnica. Definições de Termos em Iontoforese
A técnica de aplicação de iontoforese na práticafisioterapêutica envolve três partes principais: o sistema quefornece a fonte elétrica, a solução doadora do íon e a regiãoalvo do tratamento no paciente. O mercado nacional de equipamentos eletroterapêuticosdisponibiliza pelo menos um modelo por fabricante capazde fornecer uma corrente elétrica contínua de saída de amplitude constante. Esses equipamentos são acompanhadospor eletrodos de metal ou borracha, cabos de conexão ematerial acoplador, que pode ser esponja, feltro ou materialsintético similar. Atualmente, também é possível adquirirsistemas importados de iontoforese com bateria e eletrodosdescartáveis do tipo patch auto-adesivos de tamanhos e formas variadas, que permitem aplicações de 24 horas, pois operam com baixa amplitude de corrente. Independente do sistema, o eletrodo que receberá o íon a ser transferido é chamado de eletrodo ativo. O outro eletrodo, que completa o circuito elétrico, é chamado de dispersivo. A solução doadora é constituída por um solvente e o fármaco ionizável a ser transferido transdermicamente. A migração de um íon positivo, como o sódio (Na+), requer que um íon de carga oposta esteja na região próxima à área de transferência, o qual é denominado contra-íon31. Um íon não-medicamentoso presente na solução doadora com carga semelhante àquele que se pretende transferir é denominado co-íon. Por fim, a região da pele do paciente a ser tratada é denominada região alvo. Mecanismos Envolvidos na Penetração Transdermal por Iontoforese
A pele constitui uma barreira física que protege o corpo da perda de líquidos e impede a invasão de microrganismos e a entrada de substâncias do meio exterior, incluindo a água9. O estrato córneo, correspondente a 10-20 µm da epiderme, é reconhecido como a principal barreira à transferência transdermal de drogas. Assim, diferentes técnicas para aumento da penetração de várias substâncias através do estrato córneo têm sido testadas9. A introdução de drogas através da pele em direção ao tecido subcutâneo possui três rotas potenciais: (1) o folículo piloso e suas glândulas sebáceas associadas, (2) os ductos sudoríparos e (3) através do próprio estrato córneo, entre seus apêndices e falhas (rota intercelular)9. No entanto, emdecorrência das características hidrofóbica e negativa do estratocórneo e de sua matriz lipoprotéica, drogas ionizadas dificilmente penetram através da pele por difusão passiva em quantidades suficientes para atingir níveis terapêuticos32. REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
Estudos confirmam o aumento da penetração de drogas ionizáveis por iontoforese quando comparada ao transporte passivo isolado. Curdyet al.33 relatam maior penetração de piroxicam por iontoforese em relação à difusão passiva, independente do tempo de aplicação. Assim, o uso de corrente ou diferença de potencial elétrico provê alternativas para aumentar a liberação transdermal de drogas com baixa permeabilidade, principalmente as hidrofílicas e ionizáveis. As principais vias de acesso dos íons transferidos por iontoforese são os poros de glândulas sudoríparas, enquantoo estrato córneo, os pelos foliculares e as glândulas sebáceas pouco contribuem para a penetração iônica, uma vez queapresentam elevada impedância elétrica relativa34. Após a penetração inicial, os íons transferidos passam para a circulação capilar através das arteríolas que irrigam a base da glândula. Assim, uma vez transferido para o tecido, o íon ou substância medicamentosa penetra cerca de 1 mm com subsequente absorção capilar e transporte transmembrana35. Os mecanismos envolvidos na transferência transdermal por iontoforese são (1) a eletrorrepulsão, criada pela interação droga–campo elétrico, que provê força adicional para direcionar íons de polaridade semelhante a do eletrodo sob o qual são colocados; (2) a eletroosmose, que é o movimento transdermal de parte do solvente juntamente com os componentes neutros e iônicos nele diluídos; e (3) o aumento da permeabilidade intrínseca da pele pela aplicação do fluxo elétrico9,36. Pelo mecanismo da eletrorrepulsão9,tanto drogas de valência positiva quanto negativa serão liberadas, desde que sejam colocadas sob o eletrodo que apresente a mesma carga elétrica. Assim, drogas de valência positiva deverão ser exclusivamente colocadas sob o pólo positivo, enquanto as de valência negativa, somente no pólo negativo. Durante a aplicação de corrente elétrica contínua através da pele verifica-se um fluxo de água do ânodo (pólo positivo) para o cátodo (pólo negativo), que é conhecido como fluxo eletroosmótico. Esse fluxo induzido eletricamente causa um movimento transdermal de solutos ionizáveis e não carregados eletricamente que estão dissolvidos na solução doadora. No entanto, o fluxo eletroosmótico depende da característica elétrica da membrana sobre a qual está sendo aplicada a corrente. Em condições fisiológicas, a pele tende à acidez (pH de 3 a 4) e a queratina no estrato córneo é isoelétrica (neutra). Nessas condições, o fluxo eletroosmótico aumenta a penetração de íons negativos, enquanto a liberação de íons positivos é retardada37. No entanto, ainda não está estabelecido pela literatura atual se a eletroosmose desempenha maior papel de transferência que a eletrorrepulsão. Muitos estudos têm sido conduzidos para observar os efeitos do fluxo elestroosmótico na transferência de peptídeos que, em condições fisiológicas, não se apresentam como moléculas neutras. Kim et al38 estudaram o fluxo de água
REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
(3H2O) e o manitol marcados, transferidos por iontoforese (10 horas, 0,36 mA/cm2), usando como modelo pele de rato e verificaram que 50% do valor referente à transferência desse soluto não ionizável devia-se à participação do fluxo de água, confirmando o fenômeno da eletroosmose. Como descrito anteriormente, a pele é caracterizada por impedância relativamente alta associada principalmente ao estrato córneo9,36. Durante a iontoforese, a concentração de íons no estrato córneo aumenta e a resistência da pele diminui, aumentando sua permeabilidade durante a passagem do campo elétrico. Ao final da aplicação de fluxo de corrente elétrica, a concentração iônica local retorna gradualmente aos níveis fisiológicos normais, significando que os íons se difundiram do ponto onde foram transferidos em direção à solução eletrolítica remanescente em contato com a pele ou para camadas mais profundas da pele39. A recuperação da impedância da pele parece ser independente da natureza iônica da solução transferida e não há evidências de que a amplitude da corrente e a duração da aplicação, associadas à diminuição temporária da impedância, causem diminuição do efeito de barreira da pele22. Estimativa da Penetração Transdermal por Iontoforese
De acordo com a Lei de Faraday e como mostra a equação (1), a estimativa da quantidade do íon (Φ) introduzido por iontoforese através da pele é proporcional à amplitude e duração da aplicação da corrente elétrica:
em que: I = intensidade (em ampères); T = tempo de aplicação (em horas); Z é a valência do íon a ser transferido; e F é a constante de Faraday20. A partir da equação (1) é possível concluir que quanto maior o tempo de aplicação e a amplitude da corrente, maior será a quantidade transferida do íon. Também é possível deduzir que quanto menor a amplitude da corrente, maior o tempo de aplicação para que a mesma quantidade do íon seja transferida, ou vice-versa. No entanto, para aplicação de uma corrente contínua, a máxima amplitude pode ser determinada pela densidade de corrente. A relação de amplitude ao longo do tempo sugerida na literatura varia de 20 a 100mA x minuto40,35 (mAmin), enquanto a FoodandDrugsAdministration (FDA) sugere 80 mAmin como a relação máxima entre amplitude e tempo para aplicações de iontoforese.41 Assim, são previstas doses de 0,1 a 1 mA por área do eletrodo em centímetros quadrados (cm2), sendo que a relação de 0,3 a 0,5 mA/cm2 é a mais descrita em estudos clínicos de iontoforese em humanos.35,39,42 Como o tamanho do eletrodo deve ser compatível com a área alvo, eventualmente, as doses calculadas pela densidade de corrente podem atingir valores que predispõem os pacientes a riscos de irritação local pela estimulação de terminações nervosas livres e queimaduras. O acúmulo de produtos como o hidróxido de sódio, uma base forte que se forma abaixo do cátodo durante a estimulação em decorrência dos efeitos polares e reações secundárias à galvanização, é responsável pelos
REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
efeitos adversos que os pacientes podem sofrer. Os mecanismos ou reações envolvidas nesse processo são:43
Assim, sugere-se que inicialmente o cálculo da dose seja feito pela densidade de corrente, considerando uma proporção de 0,5 mA/cm2. No entanto, a dose de segurança não deve ultrapassar 5mA e o tempo de aplicação total deve ser aumentado proporcionalmente considerando o limite de 100 mAmin. Por exemplo, utilizando eletrodos de 15 cm2, uma dose de 7,5 mA seria compatível com a densidade anteriormente proposta, contudo, está acima da dose de segurança. Assim, uma dose máxima de até 5mA, que não promova estimulação sensorial, deve ser utilizada. Hipoteticamente, se essa dose for de 2 ou 3 mA, o tempo de administração da iontoforese será de 33 ou 50 minutos, respectivamente. Glass et al.11 introduziram por iontoforese dexametasonasódio-fosfato (D-Na- P) radiomarcada em tecido animal para determinar a distribuição e a quantidade da droga liberada. Foram dispostos eletrodos nas articulações do ombro, cotovelo, quadril, joelho e tornozelo de ambos os lados, direito e esquerdo, em macacos Rhesus. Os eletrodos foram divididos em eletrodos de teste, que recebiam a estimulação, e eletrodoscontrole, que não foram submetidos a corrente elétrica. Cada um dos eletrodos recebeu 1 ml da solução e uma corrente contínua de 5 mA foi aplicada durante 20 minutos. Ao final da aplicação, as concentrações de D-Na- P variaram de articulação para articulação, sendo as maiores concentrações encontradas na pele e no tecido periarticulares e menos de 1% da quantidade total da droga transferida foi recolhida em amostras de sangue. Os resultados desse trabalho também revelaram que a quantidade de droga presente no eletrodo ao final da aplicação variou entre 20% e 30% da quantidade inicial. Não foram observadas variações significativas na quantidade de droga inicial e final nos eletrodos-controle. Curdyet al.39 avaliaram a quantidade de piroxicamtransferida por iontoforese para a pele de humanos (in vivo)por corrente contínua (0,3 mA/cm2) em períodos de 30, 60e 125 minutos. Concentrações superiores de piroxicam foramdetectadas no estrato córneo com aplicação de 120 e 60minutos, quando comparadas à aplicação de 30 minutos. Aquantidade da droga transferida presente nas amostras deestrato córneo aumentou linearmente em função do tempode aplicação. Fatores que Influenciam na Transferência por Iontoforese
Vários fatores influenciam o processo de transferênciade drogas por iontoforese. Neste artigo são destacadas: (1)as propriedades da droga (concentração, propriedades eletrolíticas,valência, tamanho molecular e pH); (2) as propriedadesda fonte de corrente elétrica (polaridade e tipode saída); e REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
(3) as variáveis biológicas (local de aplicação,fluxo sangüíneo e idade).Propriedades da droga: em diferentes tipos de administraçãoe também para a iontoforese, o aumento da concentraçãoda droga na solução doadora aumenta linearmenteo fluxo de transferência.9 No entanto, em sais, uma baixaconcentração favorece maior dissociação iônica e, assim,concentrações de 1% a 10% são mais frequentemente descritas.43,44 A valência, a polaridade e o número de transferênciarelativo ao tamanho do íon podem influenciar a penetraçãoiônica. Cátions monovalentes e pequenos, como o sódio (Na,peso molecular 23 e valência positiva 1), apresentam maiorpermeabilidade que íons (cátions ou ânions) bivalentes ougrandes, como, por exemplo, o cálcio (Ca, peso molecular40 e valência positiva 2) ou o zinco (Zn, peso molecular 65e valência positiva 2). No entanto, Singh et al.45 estudarama transferência por iontoforese de salicilato (ânion),feniletilamina (cátion), manitol (neutro de baixo peso molecular)e insulina (componente neutro de alto peso molecular)usando um modelo de pele humana excisada. Os autorescomprovaram que tanto ânions quanto cátions e substânciasneutras de baixo ou alto peso molecular são transferidas poriontoforese com maior efetividade se comparadas às quantidadestransferidas por difusão passiva não influenciada pelapassagem da corrente elétrica. É importante ressaltar quemetálicos, como o cobre (Cu), o zinco (Zn) e a prata (Ag),que apresentam densidades entre 7,14 e 10,5 g/ml, podemformar precipitados insolúveis em solução aquosa, limitandoa transferência transdermal.46 A associação de íons no mesmo solvente parece desvantajosa,pois maiores quantidades relativas de co-íons nasolução doadora competirão com os íons medicamentosos pelatransferência.35 A forma como o princípio ativo é encontradono medicamento, forma molecular ou iônica, tem grandeinfluência no processo de transferência através das membranase deve ser considerada.47 A estabilidade do pH da soluçãodoadora é importante, pois essa variável pode determinar aquantidade do fármaco em estado ionizado. Mudanças no Phde soluções doadoras podem resultar em diminuição da quantidaderelativa de droga no estado ionizável e, portanto, diminuira quantidade de íons para transferência com consequente redução do número efetivamente aplicado.47 Propriedades da fonte elétrica: partindo da equação (1)pode-se concluir que o mesmo número de íons serátransportado em diferentes amplitudes de corrente se o tempode passagem do fluxo de corrente for modificado de maneiradiretamente proporcional. Como resultado, temos diferentesvalores de amplitude e duração de aplicações relatados naliteratura. Esses valores variam de 0,06-0,1 mA em aplicaçõesde 24 horas com eletrodos do tipo patch,48,49 até valores entre0,1-1 mA/cm2 em aplicações de 20 minutos em média comequipamentos clínicos convencionais.16-30,39,50
equipamentos nacionais que disponibilizam correntecontínua oferecem uma forma de saída constante deamplitude, permitindo aplicações relativamente mais segurasem relação aos aparelhos de voltagem constante, os quaissão comuns no mercado internacional.Também é observado na literatura o uso de correntesalternadas em técnica de iontoforese para evitar a polarizaçãoda pele
REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
durante a aplicação de corrente contínua. Emboratenha sido observado menor risco de aplicação com correntesnão contínuas, seu uso é pouco relatado para fármacosfreqüentemente escolhidos na prática fisioterapêutica e aredução do risco de lesão para o paciente não está completamentecomprovada.50,51Reinaueret al.52 compararama efetividade de três tipos de iontoforese de água para o tratamentoda hiperidrose: com corrente contínua, com correntealternada e com corrente alternada com base contínua. A hiperidrose foi completamente controlada com os protocolos que utilizaram corrente contínua e corrente alternada com base contínua, enquanto os resultados empregando corrente alternada não mostraram efetividade no controle da disfunção. Variáveis biológicas: em condições fisiológicas, na faixa de pH entre 3 e 4, a pele torna-se isoelétrica e, portanto, não conduz íons; com pH abaixo de 3, os poros tornam-se positivos, facilitando a penetração de íons negativos, enquanto com pH acima de 4, os poros tornam-se negativos e, portanto, mais permeáveis a íons positivos. Portanto, o pH da pele influencia na penetração iônica pela mudança da carga elétrica dos poros.53 A influência do fluxo sangüíneo na região alvo foi investigada por Cross &Roberts.54 Os autores realizaram um trabalho com cinco diferentes cátions monovalentes, que foram transferidos por iontoforese a dois grupos de ratos, um sob anestesia e outro sacrificado, para determinar a importância do fluxo sangüíneo na penetração desses íons. Em ambos os grupos, a maior concentração dos íons estava na epiderme. No entanto, no grupo de ratos apenas anestesiados, pequenas concentrações iônicas foram observadas mais profundamente nos tecidos quando comparadas ao grupo sacrificado. Os autores concluíram que o fluxo sangüíneo tem papel importante na distribuição do medicamento para camadas mais profundas dos tecidos. A impedância da pele depende de sua espessura, do grau de hidratação celular e do número de glândulas sudoríparas e folículos pilosos, que são as vias de baixa impedância em relação ao estrato córneo.9 Yamamoto & Yamamoto55 demonstraram in vivo que a resistência elétrica da pele reside especialmente no estrato córneo e que essa característica diminui nas camadas subseqüentes. Assim, é possível concluir que regiões como a palma das mãos e a planta dos pés são locais recomendáveis para a transferência transdermal por iontoforese, pois possuem elevada quantidade de glândulas sudoríparas e menor espessura de estrato córneo quando comparadas a outras regiões passíveis de receber a aplicação. A influência da idade na permeabilidade transdermal (difusão passiva) foi investigada por alguns autores.56,57 Em geral, a pele das crianças é mais permeável às drogas testadas em relação à dos adultos. Contudo, o efeito da idade no transporte transdermal com iontoforese apenas foi descrito em modelo animal. Kanikkannanet al.58 estudaram a penetração do maleato de
REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
timolol, um bloqueador beta adrenérgico não seletivo, administrado por via oral a pacientes com hipertensão e angina pectoris, quando aplicado por iontoforese em pele retirada de ratos Wistar de 1 a 8 meses de idade. Segundo os autores, a idade da cobaia não influenciou na concentração de droga transferida, porém, a mesma conclusão não deveria ser aplicada a humanos em decorrência de diferenças fisiológicas próprias da espécie e da condição in vivo.58Assim, ainda não se pode afirmar que crianças se beneficiariam com a maior penetração de drogas transferidas por iontoforese que os adultos. Considerações Finais
De acordo com as características fisiológicas da pele, a transferência transdermal de substâncias ionizáveis por difusão passiva é limitada. Assim, a iontoforese constitui alternativa para potencializar a transferência de tais substâncias, garantindo níveis de concentração superiores à difusão passiva não facilitada pela corrente elétrica, suficientes para desencadear os efeitos terapêuticos desejados. Em decorrência da eletrorrepulsão, a corrente contínua foi eleita a fonte preferencial, uma vez que o fluxo de elétrons é unidirecional e constante durante o período de aplicação. Clinicamente, a estimativa de penetração iônica pode ser controlada pela manipulação racional dos parâmetros de tempo e amplitude, considerando dose de segurança 5mA e relação máxima de 100 mAmin. De forma geral, um sal dissolvido em solução de pH estável e com concentração entre 1% e 10% forneceria um número relativamente superior de íons para a transferência. No entanto, vários princípios ativos ou fármacos, em diferentes tipos de fontes iônicas, são indicados para a transferência por iontoforese e, em sua maioria, para o tratamento de dor e inflamação. Futuros trabalhos experimentais/clínicos controlados e revisões sistemáticas devem prover evidências relativas à transferência transdermal por iontoforese. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Barry BW. Novel mechanisms and devices to enable successfultransdermal
drug delivery. Eur J Pharm Sci 2001; 14: 101-114.
2. Costello CT, Jeske AH.Iontophoresis: applications intransdermal medication
3. Leduc S. Electric ions and their use in medicine. Liverpool:ReabmanLtda,
1908. In: Banga AK, Chie YW. Iontophoreticdelivery of drugs: fundamentals, developments and biomedicalapplications. J Control Rel 1988; 7: 1-24.
4. Helmstadter A. The history of electrically-assisted transdermaldrug delivery
(“iontophoresis”).Pharmazie 2001; 56: 583-587.
5. Perron M, Malouin F. Acetic acid iontophoresis and ultrasoundfor the
treatment of calcifying tendinitis of the shoulder: arandomized control trial. Arch Phys Med Rehabil 1997; 78: 379-384.
6. Gudeman SD, Eisele SA, Heidt RS Jr, Colosimo AJ, StroupeAL. Treatment of
plantar fasciitis by iontophoresis of 0.4%dexamethasone. A randomized,
REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
double-blind, placebo-controlledstudy.Am J Sports Med 1997; 25: 312-316.
7. Layman PR, Argyras E, Glynn CJ. Iontophoresis of vincristineversus saline in
post-herpetic neuralgia.A controlledtrial. Pain1986; 25: 165-170.
8. Oliveira AS, Guaratini MI, Castro CES. Iontoforese:Fundamentos e
aplicações em fisioterapia. Anais da XIIReunião da Federação de Sociedades de Biologia Experimental1997: 30.018.
9. Barry BW. Drug delivery routes in skin: a novel approach. AdvDrug Deliv Rev
10. Greenbaum SS. Iontophoresis as a tool for anesthesia indermatologic
surgery: an overview. DermatolSurg 2001; 27:1027-1030.
11. Glass JM, Stephen RL, Jacobson SC. The quantity anddistribution of
radiolabeled dexamethasone delivered to tissueby iontophoresis. Int J Dermatol 1980; 19: 519-525.
12. Harris PR. Iontophoresis: clinical research in musculoskeletalinflammatory
conditions. J Orthop Sports PhysTher 1982; 4:109-112.
13. Nirschl RP, Rodin DM, Ochiai DH, Maartmann-Moe C. DEXAHE-01-99
Study Group. Iontophoretic administration ofdexamethasone sodium phosphate for acute epicondylitis.Arandomized, double-blinded, placebo-controlled study.Am JSports Med 2003; 31: 189-195.
14. Gillick BT, Kloth LC, Starsky A, Cincinelli-Walker L.Management of
postsurgical hyperhidrosis with direct currentand tap water. PhysTher 2004; 84: 262-267.
15. Karakoc Y, Aydemir EH, Kalkan MT, Unal G. Safe control ofpalmoplantar
hyperhidrosis with direct electrical current. IntJ Dermatol 2002; 41: 602-605.
16. Stolman LP. Treatment of excess sweating of the palms
byiontophoresis.ArchDermatol 1987; 123: 893-896.
17. Garagiola U, Dacatra U, Braconaro F, Porretti E, Pisetti A,Azzolini V.
Iontophoretic administration of pirprofen or lysinesoluble aspirin in the treatment of rheumatic diseases. ClinTher1988; 10: 553-558.
18. Pellecchia GL, Hamel H, Behnke P. Treatment of infrapatellartendinitis: A
combination of modalities and transverse frictionmassage versus iontophoresis. J Sport Rehabil 1994; 3: 135-145.
19. Li LC, Scudds RA, Heck CS, Harth M. The efficacy ofdexamethasone
iontophoresis for the treatment of rheumatoidarthritic knees: a pilot study. Arthritis Care Res 1996; 9: 126-132.
20. Gudeman SD, Eisele SA, Heidt RS Jr, Colosimo AJ, StroupeAL. Treatment
of plantar fasciitis by iontophoresis of 0.4%dexamethasone. A randomized, double-blind, placebocontrolledstudy.Am J Sports Med 1997; 25: 312-316.
21. Demirtas RN, Oner C. The treatment of lateral epicondylitisby iontophoresis
of sodium salicylate and sodium diclofenac.ClinRehabil 1998; 12: 23-29.
22. Ulreich A, Leibrecht W, Promer M, Kullich W. Infiltrationversus iontophoresis
PhysikalischeMedizinrehabilitationsmedizinKurortmedizin 1996; 6: 183-185.
REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
23. Evans TA, Kunkle JR, Zinz KM, Walter JL, Denegar CR. Theimmediate
effect of lidocaineiontophoresis on trigger-pointpain. J Sports Rehabil 2001; 10: 287-297.
24. Runeson L, Haker E. Iontophoresis with cortisone in thetreatment of lateral
epicondylalgia (tennis elbow) – a doubleblindstudy. Scand J Med Sci Sports 2002; 12: 136-142.
25. Bertolucci LE. Introduction of anti-inflammatory drugs byiontophoresis:
double blind study. J Orthop Sports PhysTher1982; 4: 103-108.
26. Hasson SM, Henderson GH, Daniels JC, Schieb DA. Exercisetraining and
dexamethasone iontophoresis in rheumatoidarthritis: a case study. Physiotherapy Can 1991; 43: 11-14.
27. Hasson SM, Wible CL, Reich M, Barnes WS, Williams JH.Dexamethasone
iontophoresis: effect on delayed musclesoreness and muscle function. Can J Sport Sci 1992; 17: 8-13.
28. Reid KI, Dionne RA, Sicard-Rosenbaum L, Lord D, DubnerRA. Evaluation of
iontophoretically applied dexamethasone forpainful pathologic temporomandibular joints. Oral Surg OralMed Oral Pathol 1994; 77: 605-609.
29. Perron M, Malouin F. Acetic acid iontophoresis and ultrasoundfor the
treatment of calcifying tendinitis of the shoulder: arandomized control trial. Arch Phys Med Rehabil 1997; 78:379-384.
30. Bumin G, Can F. Effects of iontophoresis and phonophoresismethods on
pain in cases with shoulder periarthritis. Pain Clin2001; 13: 159-162.
31. Stamatialis DF, Rolevink HH, Koops GH. Controlled transportof timolol
maleate through artificial membranes under passiveand iontophoretic conditions.J Control Release 2002; 81: 335-345.
32. Curdy C, Kalia YN, Falson-Rieg F, Guy RH. Recovery ofhuman skin
impedance in vivo after iontophoresis: effect ofmetal ions. AAPS Pharm Sci 2000; 2: E23.
33. Curdy C, Kalia YN, Naik A, Guy RH. Piroxicam delivery intohuman stratum
corneum in vivo: iontophoresis versus passivediffusion. J Control Release 2001; 76: 73-79.
34. Nolan LM, Corish J, Corrigan OI, Fitzpatrick D. Iontophoreticand chemical
enhancement of drug delivery. Int J Pharm 2003;257(Pt1): 41-55.
35. Kahn J. Princípios e prática de eletroterapia. 4a ed. São Paulo,(SP): Editora
36. Pikal MJ. The role of electroosmotic flow in transderemaliontophoresis.Adv
37. Green PG. Iontophoretic delivery of peptide drugs. J ControlRelease.1996;
38. Kim A, Green PG, Rao G, Guy RH. Convective solvent flowacross the skin
during iontophoresis.Pharm Res 1993; 10:1315-1320.
39. Curdy C, Kalia YN, Guy RH. Post-iontophoresis recovery ofhuman skin
impedance in vivo.Eur J Pharm Biopharm 2002;53: 15-21.
40. Meyer DR, Linberg JV, Vasquez RJ.Iontophoresis for
eyelidanesthesia.Ophthalmic Surg 1990; 21: 845-848.
41. Code of federal regulations from the U.S. Government PrintingOffice. Title
2.Chapter I, Food and drug administrationdepartment of health and
REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
human services, Part 890, Sec.890.5525 Iontophoresis Deviceripts/cdrh/cfdocs/cfcfr/CFRSearch.cfm?FR=890.5525, em 8de julho de 2011.
42. Nugroho AK, Li G, Grossklaus A, Danhof M, Bouwstra JA.Transdermal
iontophoresis of rotigotine: influence of concentration,temperature and current density in human skin in vitro. J ControlRelease 2004; 96: 159-167.
43. Bisschop G, Bisschop E, Commandré F. Eletrofisioterapia. SãoPaulo (SP):
Editora e Livraria Santos; 2001. P. 24-34.
44. Ciccone CD. Pharmacology in rehabilitation. 3th ed.Philadelphia, USA:
45. Singh P, Anliker M, Smith GA, Zavortink D, Maibach HI.Transdermal
iontophoresis and solute penetration across excisedhuman skin. J Pharm Sci 1995; 84: 1342-1346.
46. Bonne DC. Applications of iontophoresis. In: Wolf SL.Electrotherapy.
Edinburgh (UK): Churchill Livingstone; 1995.P. 99-121.
47. Nugroho AK, Li GL, Danhof M, Bouwstra JA. Transdermaliontophoresis of
rotigotine across human stratum corneum invitro: influence of pH and NaCl concentration. Pharm Res 2004;21: 844-850.
48. Anderson CR, Morris RL, Boeh SD, Panus PC, SembrowichWL. Effects of
iontophoresis current magnitude and durationon dexamethasone deposition and localized drug retention.PhysTher 2003; 83: 161-170.
49. Anderson C, Boeh S, Morris R, Sembrowich W, Panus P.Quantification of
total dexamethasone phosphate delivery byiontophoresis. Int J Pharm Compound 2003; 7: 155-159.
50. Shibaji T, Yasuhara Y, Oda N, Umino M. A mechanism of thehigh frequency
AC iontophoresis. J Control Release 2001; 73:37-47.
51. Zhu H, Peck KD, Miller DJ, Liddell MR, Yan G, Higuchi WI,et al.
Investigation of properties of human epidermal membraneunder constant conductance alternating current iontophoresis.J Control Release 2003; 89: 31-46.
52. Reinauer S, Neusser A, Schauf G, Holzle E. Iontophoresis withalternating
current and direct current offset (AC/DC iontophoresis):a new approach for the treatment of hyperhidrosis. Br J Dermatol1993; 129: 166-169.
53. Lynn SM, Robinson AJ. Clinical electrophysiology – electrotherapyand
electrophysiologic testing. Baltimore, MD: Williams& Wilkins; 1989. P. 247-260.
54. Cross SE, Roberts MS. Importance of dermal blood supply andepidermis on
the transdermal iontophoretic delivery of monovalentcations. J Pharm Sci 1995; 84: 584-592.
55. Yamamoto Y, Yamamoto T. Measurement of electrical bioimpedanceand its
applications. Med ProgTechnol 1987; 12:171-183.
56. Nachman RL, Esterly NB. Increased skin permeability inpreterm infants.J
57. Wester RC, Noonan PK, Cole MP, Maibach HI. Percutaneousabsorption of
testosterone in the newborn rhesus monkey:comparison to the adult. Pediatr Res 1977; 11: 737-739.
REVISTA CIENTÍFICA FAECE SAÚDE
58. Kanikkannan N, Singh J, Ramarao P. In vitro transdermaliontophoretic
transport of timolol maleate: effect of age andspecies. J Control Release 2001; 71: 99-105.
Mail Service Pharmacy Tips Walgreens Mail Service • Complete attached registration form. You may also register yourself (and dependents, if applicable) at REGISTRATION & PRESCRIPTION ORDER FORM • New prescriptions must be mailed to the mail Use black ink only. Enclose form with prescription(s) and payment. Suffix extension Patient needs snap-on caps • For long-
Schlankheitsmittelliste (Stand 11. 1. 2011) Hinweis: Suchen Sie bestimmte Produkte? Dann tippen Sie den Namen in das Suchfeld oben rechts in Ihrem pdf-Dokument und drücken Sie auf Enter. Eine weitere Möglichkeit ist, dass Sie die „Strg“-Taste + die „F“-Taste drücken. Auch so können Sie Ihr gesuchtes Wort eingeben und die Suche starten. Appetithemmer auf chemischer Basis