PREVENÇÃO DA AIDS PARA A POPULAÇÃO DE IDOSOS:
Este artigo tem como objetivo relacionar a falta de campanhas de prevenção da
AIDS direcionada a idosos com o aumento de casos na população masculina acima
de 60 anos. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica fundamentada na psicologia
social crítica, que discute os motivos pelos quais essas campanhas não atingem a
população de idosos, sendo direcionadas apenas para jovens e adultos. Tomando
como base a evolução tecnológica farmacêutica, que está sendo responsável por
uma população mais longeva e sexualmente ativa, o estudo alerta para a
necessidade de se mudar o perfil das campanhas de prevenção das DSTs. Para
prevenir o HIV é preciso mais do que o incentivo ao uso da camisinha, deve-se criar
espaços dentro da família. É necessário que a atividade sexual do idoso seja aceita
como algo possível e normal, só assim as campanhas de prevenção de HIV/AIDS
poderão trazer maior benefício a esta parcela da população.
Palavras-chave: HIV/AIDS, idoso, prevenção.
Motivadas pelo olhar atento que o idoso merece em respeito à longa jornada
já percorrida e por considerar que ele merece maior cuidado nesta etapa da vida,
acreditamos que a terceira idade deve ser um período com mais qualidade na
1 Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Psicologia – ULBRA Torres
2 Professora Orientadora, Psicóloga, Mestre em Psicologia Social e da Personalidade – ULBRA Torres 3 Psicóloga
saúde, no lazer e nas relações afetivas e sociais, proporcionando dignidade e
Com esta atenção especial, os problemas epidemiológicos da atualidade não
podem deixar de lado esta parcela da população, em especial no que se refere a
AIDS, que apesar de ser uma doença relativamente nova tem se alastrado
assustadoramente. Ao longo do tempo o HIV modificou seu perfil epidemiológico e
deixou de ser um problema de grupos de risco e passou a ser um problema de
comportamentos de risco, fator que atinge a todas as camadas etárias: crianças,
jovens, adultos e recentemente os idosos.
Infelizmente as campanhas de prevenção contra o contágio do HIV, não têm
estado atentas a estas modificações no perfil da doença e continuam sendo
direcionadas ao público jovem. Desta forma, elas acabam sendo ineficientes para
outras esferas da população que não se identificam com as mensagens
transmitidas, pois necessitam de uma linguagem mais adequada à cultura de sua
época, em que certos assuntos eram tabus ou até mesmo inimaginavelmente
Alguns destes tabus e preconceitos dizem respeito à sexualidade da pessoa
idosa e esta vem se configurando em uma nova realidade em decorrência do uso de
medicações como o Viagra, que proporciona a manutenção de uma vida
Assim sendo, este trabalho tem o objetivo de estabelecer um paralelo entre o
crescente envelhecimento populacional e a modificação do perfil de contágio do HIV,
levando em consideração as modificações de comportamento do público idoso com
o advento das novas medicações, que a tecnologia tem disponibilizado. Tem
também como meta fazer um alerta quanto à relação entre estes fatores e as atuais
A farmacotecnologia é uma nova realidade que proporciona às pessoas a
tomada de decisões e comportamentos, nunca antes praticados, como casar depois
dos 60 anos, postergar a aposentadoria ou continuar trabalhando apesar dela,
almejar sucesso profissional, voltar a estudar, enfim, a oportunidade de ter novos
sonhos e aproveitar com plenitude a maturidade, antes considerada uma sentença
Envelhecer, portanto, passou a representar novos significados: reviver, mudar
e transformar. Mas estes sonhos se tornam um pesadelo quando vemos que,
silenciosamente, a população idosa está sendo infectada pelo HIV e está infectando
outras pessoas e junto com os sonhos as pessoas estão morrendo.
Este artigo é resultado de uma pesquisa cuja análise foi fundamentada nos
resultados obtidos na coleta de dados bibliográficos, relacionando os seguintes
temas: estatísticas que demonstram o aumento da população idosa no país e o
aumento do número de casos de HIV positivo neste grupo; a investigação de
políticas públicas de prevenção e saúde e um breve estudo sobre HIV/AIDS.
Os dados serão analisados e interpretados à luz da psicologia social histórico-
crítica, processo que permite a obtenção de novos conhecimentos no campo da
realidade social, envolvendo todos os aspectos relativos ao homem em seus
Conta com um referencial teórico baseado na psicologia social, alertando para
as questões culturais que envolvem o abandono e o preconceito contra o casal idoso
sexualmente ativo e a reestruturação dos comportamentos recriminatórios na própria
Sendo assim, pela importância do assunto, gostaríamos de alertar para este
novo tema, procurando ir além dos aspectos patológicos do HIV, mas sim
comportamentais. Ao propor esta discussão, lançamos as seguintes perguntas: Por
que as campanhas de prevenção da AIDS não atingem a população de idosos? E
quais os benefícios que elas poderiam trazer a esta população? Procuramos buscar
estas respostas e propor formas alternativas e flexíveis de prevenção que sejam
mais eficazes, pois assim como as demais fases do ciclo vital humano, o processo
de envelhecer deve estar acompanhado de uma vida digna e saudável.
Desde os primeiros casos diagnosticados da Síndrome de Imunodeficiência
Adquirida (AIDS), datados de 1981, nos Estados Unidos, até os dias atuais,
passaram-se mais de duas décadas, e neste percurso, a doença mudou bastante
Tida como doença de grupos de risco, a AIDS contribuiu para a disseminação
do preconceito e estigma da população atingida, caracterizando-a como “doença do
outro”. Formou-se uma construção social sobre a abrangência da doença, que
algumas vezes era acusada de “castigo de Deus” para os viciados e homossexuais,
ficando fora do alcance das “pessoas de bem”, os lares e a sagrada família estavam
protegidos e junto com eles os pais de família, donas de casa, pessoas idosas,
Com o passar do tempo, e com o aumento assustador no número de casos
fora dos chamados “grupos de risco”, começou-se a verificar, que longe de estarem
imunes, as pessoas estavam expostas aos riscos da ignorância, fator que obrigou as
políticas de prevenção a reverterem a imagem da doença que passou a ser referida
por “doença de comportamento de risco”.
Talvez esta idéia inicial errônea, tenha contribuído para formar a concepção
de que na velhice há maior liberação para o exercício da sexualidade sem quaisquer
restrições em termos de prevenção, uma vez que os aspectos relativos às DSTs e
HIV/AIDS não atingiam essa parcela da população.
Para o idoso, assim como para o perfil da AIDS, também vêm acontecendo
inúmeras modificações nestas últimas décadas. A evolução tecnológica
farmacêutica lançou no mercado, um incontável número de novas medicações,
(vacinas, antibióticos, remédios, equipamentos, etc.), que estão prolongando a vida
do idoso e proporcionando-lhe mais qualidade (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2001).
Dentre as inovações terapêuticas, a que sem dúvida, obteve maior destaque
nos últimos anos foi o Viagra. Esta medicação contribuiu e muito para a modificação
do perfil do idoso da atualidade, que para Souza e Luzia (2008), aliada ao uso de
terapias hormonais promove uma melhor qualidade de vida sexual para este
Mesmo que as medicações mais utilizadas pelo idoso, como remédios para o
coração, diabetes, circulação, ou o próprio Viagra, ainda sejam bastante caras, nos
últimos anos, o rendimento salarial dos idosos tem aumentado e proporcionado o
custeio destas despesas. A atual legislação, que prevê o “benefício da prestação
continuada”, contribuiu para a melhoria das condições financeiras desta população
Por estes motivos os idosos estão procurando domicílios urbanos onde
possam ter melhor infra-estrutura, acesso a serviços de saúde, proximidade de
familiares, atividades de esporte e lazer. Este período repleto de mudanças físicas,
patológicas, sociais e emocionais, possibilita ao idoso rever seus conceitos sobre
dinheiro, trabalho, ambições, beleza, vida, prazer e sexo, preferindo mais qualidade
ao invés de quantidade (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2001).
Comumente, neste período da vida, as pessoas realizam encontros
periódicos, geralmente semanais, com finalidades variadas, como jogar cartas,
bingos e bailes, sendo este último o que mais favorece aos encontros afetivos,
devido à formação de casais durante a dança, que além de aproximar os corpos
proporciona um momento “a sós” em meio ao grande grupo.
Estes encontros podem ser explicados pelas palavras de Zimerman (1997, p.
O ser humano é gregário por natureza e somente existe, ou subsiste, em função de seus inter-relacionamentos grupais. Sempre, desde o nascimento, o indivíduo participa de diferentes grupos, numa constante dialética entre a busca de sua identidade individual e a necessidade de uma identidade grupal e social.
Nesses espaços, muitos começam um novo relacionamento, passam a
namorar e alguns se casam. Essa situação pode ser considerada favorável para o
conjunto de pessoas que freqüenta tal atividade, particularmente no que diz respeito
ao exercício da sexualidade. Contudo, deve-se estar atento, uma vez que essa
condição possibilita contato mais íntimo, e se não forem observadas as medidas de
precaução, poderá ocorrer o contágio de doenças sexualmente transmissíveis e/ou o
vírus da imunodeficiência adquirida, de uma pessoa para a outra.
A probabilidade de envelhecer com saúde aponta para o aumento do número
da população de idosos no mundo, ocasionando o chamado processo de
Junto ao expressivo número de idosos, diversas demandas passam a emergir
em termos econômicos, culturais, sociais e de saúde. Nesse sentido, a sociedade
em geral busca alternativas com a finalidade de atender a esse contingente
populacional. Particularmente, no que se refere aos aspectos sociais, mesmo que
incipiente, passou-se a estruturar a formação dos chamados grupos de terceira
idade, com o objetivo de manter os idosos inseridos socialmente na comunidade na
O Brasil não se preveniu quanto ao aumento da população idosa sexualmente
ativa. Este fato acarretou num grande desafio, pois este segmento populacional está
desprotegido de situações que não existiam na fase da vida onde eram
considerados “ativos e reprodutores”, fazendo com que surja uma face oculta de
infecção por HIV na sociedade, é o “envelhecimento” da doença (SOUZA e LUZIA,
Cada país ou comunidade tem o seu método de campanha de prevenção
baseada na sua história de AIDS: o surgimento da doença, os modos de
transmissão e o número de pessoas infectadas. Porém, todos os países devem
promover campanhas de prevenção para que a população se sinta envolvida,
solidária e que estimule as pessoas com comportamento de risco a modificá-los,
pois a prevenção é o único meio de diminuir a taxa de infecção (MONTAGNIER,
As campanhas brasileiras de prevenção falham por não ocorrerem o ano
inteiro, elas são pontuais, pois são realizadas durante o carnaval, perto das
comemorações do dia mundial da luta contra a AIDS (1o de dezembro), e no dia dos
namorados. E é difícil elaborar uma campanha com uma linguagem universal, que
consiga transmitir maciçamente, uma mensagem direta a maior diversidade da
população: homossexuais, usuários de drogas injetáveis, prostitutas, donas de casa,
adolescentes, pessoas com problemas mentais, moradores de rua, idosos, entre
Existem, contudo, algumas medidas universais para a prevenção do
HIV/AIDS, que dizem respeito à transmissão do vírus por pacientes assintomáticos;
em respeito à doação de sangue, plasma, órgãos e tecidos e ao uso da camisinha
nas relações de sexo oral, vaginal e anal (AIDS, 2007; BRASIL).
Segundo Raxach (2008) as campanhas massivas não são suficientes para
mudar comportamentos. Elas simplesmente chamam atenção sobre determinada
questão ou problema e, quase sempre, funcionam durante um período determinado
não sendo consistente no tempo. São necessárias outras ações de nossa sociedade
que se configurem como desafios a serem pensados e realizados.
Embora os itens da prevenção sejam universais, deve-se mudar a forma
como é transmitida a mensagem para que esta atinja seu público alvo, ou seja,
todas as pessoas com comportamento de risco ou sexualmente ativas. Como
explicar para uma pessoa de idade avançada, que mesmo não apresentando
nenhum sintoma, ainda assim pode estar com o vírus ou que em sua relação de
sexo oral, vaginal e anal ela deve usar camisinha, se ela é de uma geração que falar
de sexo era tabu. E que neste mesmo grupo outras formas de sexo que não o
vaginal era pecado principalmente para as mulheres, e o uso da camisinha
praticamente inexistia, não criando a cultura do uso, ou muitas vezes nem sabendo
Restam muitos desafios em relação às campanhas de prevenção, pois, além
da falta de profissionais capacitados, há descontinuidade das ações e inexistência
de informações sobre a eficácia das campanhas “panfletárias” (distribuição de
folhetos), já que neste caso as orientações são superficiais e, muitas vezes, não
atingem a população idosa (PAIVA, 2008).
A palavra idoso significa avançado em anos, embora o envelhecimento
humano não seja apenas cronológico, ele é definido de diferentes maneiras de
acordo com o foco, que podem ser questões ambientais, sociais, culturais ou
funcionais (físicas e mentais) (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2001).
As questões funcionais estão vinculadas à difusão de noções preconcebidas
sobre a velhice envolvendo diversas áreas vitais, como cognição, saúde,
sociabilidade, personalidade, sexualidade e a capacidade de trabalho (ORJUELA,
Os fatores psicológicos e sociais do envelhecimento afetam o idoso na
medida em que verifica-se a perda de papéis e funções sociais e, com isso, o
afastamento do convívio de seus semelhantes, mesmo que muitos destes idosos se
vejam fisicamente envelhecidos, mas não se sintam velhos. Este entendimento parte
do pressuposto de que, embora o físico e a mente envelheçam juntos, o processo
não se efetiva em ambos com a mesma cadência, ou que, devido a preconceitos
sociais, nega-se o auto-envelhecimento. (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2001).
Nesta fase, as funções sexuais se alteram basicamente pelas mudanças
fisiológicas e anatômicas do organismo provocadas pelo próprio processo de
envelhecimento. Porém, não se pode associar essa fase da vida à perda ou à
incapacidade de manter relações sexuais.
Além das modificações orgânicas, surgem questões de ordem emocional
referentes à aposentadoria, casamento, doenças, auto-estima além de fatores
sociais e culturais. Em geral, as alterações sexuais masculinas são lentas e
progressivas, dando tempo ao homem de se adaptar a uma atividade menos intensa
Com o avanço da idade, o padrão de comportamento sexual dos homens
pode ser descrito com três características distintas.
A primeira parecida ao que sempre foi na sua fase adulta madura, onde ele
procura manter o mesmo ritmo de relações sexuais a que sempre esteve
acostumado. A segunda, uma retração ou inibição da atividade sexual que tende a
diminuir ou até desaparecer, como nos casais pouco ativos sexualmente e que se
entregam a uma rotina sem troca de afeto, carinho ou paixão. E por fim, ocorrer uma
exacerbação da atividade sexual, numa tentativa de repetir o comportamento sexual
As alterações na vida sexual do homem idoso, proporcionadas pelo uso de
medicações novas como o Viagra, estão provocando reflexos na esfera social,
tornando-os mais ativos e vulneráveis às DSTs. Nas relações sexuais onde o idoso
é um dos integrantes do casal, há mais do que o medo da infecção por HIV, os
homens temem também pela sua imagem. Para afirmarem sua masculinidade,
acabam expondo-se a riscos para não parecerem inexperientes na hora de
colocarem o preservativo e devido à ansiedade ficam vulneráveis às chances de não
Por conta disto, a decisão final pelo não uso do preservativo é na grande
maioria masculina, fator que os tornam mais suscetíveis à doença. Atualmente, há
no Brasil 222.356 pessoas doentes de AIDS, destes aproximadamente 74% são do
Desta forma é possível classificar duas realidades existentes com relação à
prevenção do contágio pelo ato sexual. De um lado, estão os casais que nunca se
preocuparam com a AIDS, não fizeram prevenção e não têm tais habilidades
desenvolvidas, pois viveram o ápice da vida sexual, num período em que não havia
campanhas de saúde pública quanto ao risco de epidemias de DSTs. De outro,
estão incluídos os casais que tiveram tentativas de prevenção, mas as abandonaram
sob muitas alegações, como por exemplo, que com preservativo “não dá para sentir
um ao outro” negando os limites impostos pela doença e dificultando sua prevenção.
Esses fatores mostram a discrepância que existe entre as atitudes desejáveis
e as atitudes possíveis, transformando em um desafio manter uma prevenção
sistemática baseada apenas na conscientização da necessidade do uso do
preservativo (FINKLER; OLIVEIRA; GOMES, 2004).
Essa dificuldade não ocorre por falta de informação quanto à prevenção, mas
por valores relacionados à sexualidade e à expressão de amor e confiança, neste
momento o desejo de preservação do relacionamento afetivo com o parceiro parece
ser prioridade, mesmo que este ato possa por em risco a saúde futura (PARKER;
Soma-se a estas construções do imaginário do casal o fato de que, na
sociedade atual, a pessoa idosa é vista ainda de forma pejorativa, em situação de
fragilidade, desvalorização, entre outros. Essa condição parece não motivar os
responsáveis pela divulgação dos meios de prevenção das DSTs e HIV/AIDS, para
que tais informações atinjam este público.
Além desse fato há o preconceito freqüente de que na velhice os idosos não
exercitam sua sexualidade e, portanto, não se enquadram no grupo de pessoas
O preconceito social contra o casal formado pelo idoso sexualmente ativo
vem de todos os lados. Na própria família, com filhos e netos fazendo comentários e
piadas constrangedoras; pela mídia, que valoriza apenas a beleza da juventude;
pelos amigos e vizinhos, mal informados, deprimidos e desinteressados; pela
religião, quase sempre muito conservadora e geradora de culpa e por toda a
Tudo isso faz com que o foco das campanhas de prevenção das DSTs e
AIDS sejam sempre a população jovem e de meia idade, não contemplando a
população de idosos. Mas é necessário ampliar o leque de intervenções, no sentido
de atingir também a população idosa, utilizando uma linguagem adequada para que
essas pessoas possam compreender, assimilar e aderir aos meios de prevenção
Observamos que, para a população de um modo geral, não é fácil aceitar o
HIV como uma doença de comportamento de risco ao invés de grupo de risco e
tendo isso como base, temos que perceber as particularidades de cada população a
ser trabalhada e reconhecer suas crenças e valores. Este aspecto é fundamental
quando se engaja em um trabalho preventivo.
O envelhecimento populacional é uma questão demográfica atual e urgente
que exige novas formas de intervenção junto aos idosos, pois se sabe que a velhice
tem um elevado custo social: moradia, assistência social, saúde, aposentadorias e
Assim como as demais fases do ciclo vital humano, o processo de envelhecer
deve estar acompanhado de uma vida digna e saudável. Para tanto, é preciso que
tanto o Estado quanto a sociedade caminhem em conjunto para a satisfação de
condições existenciais básicas que permitam ao ser humano realmente viver, não só
sobreviver (SANTIN; VIEIRA; TOURINHO FILHO, 2005).
Para toda esta problemática, somente uma ação coletiva que modifique o
imaginário social de uma determinada comunidade pode surgir algum efeito. Uma
destas ações estaria no favorecimento de interações com grupos de idosos,
permitindo-lhes trocar experiências e desenvolver uma consciência crítica a respeito
de sua vida sexual, podendo levar a uma mudança de comportamento.
Outro grande desafio consiste em vincular prevenção, assistência e
tratamento em ações integrais, tanto no âmbito político, quanto nas ações dos
profissionais envolvidos com a epidemia.
Nesta abordagem, os espaços de saúde pública, como postos de saúde e
programas de saúde da família, podem desenvolver técnicas que abordem a
dinâmica dos relacionamentos e padrões de comunicação necessários para a
manutenção de comportamentos preventivos, pois somente o repasse de
informações panfletárias não pode ser considerado um processo educativo.
Algumas medidas governamentais vêm sendo tomadas no sentido de prevenir
a AIDS e orientar sobre o HIV. Entre estas estão: o teste do HIV, a distribuição
gratuita da camisinha e de agulhas limpas, a redução de danos, a profilaxia pós-
exposição e os microbicidas e vacinas, à medida que se tornarem disponíveis, são
métodos importantes de prevenção, mas não se esgotam aí.
Os profissionais de saúde e de outras áreas devem também atuar como
mediadores, defensores, mentores, facilitadores e promotores dos processos
relacionados à saúde dos idosos (SOUZA; LUZIA, 2008).
Uma educação abrangente sobre a sexualidade com programas e políticas
para promover a igualdade de gênero e o sexo seguro, são fundamentais para o
Assim se deixaria de tratar a doença como ponto de
partida para a obtenção de saúde e se passaria a encarar o processo preventivo
como alicerce do controle da disseminação da infecção.
A população idosa mundial está aumentando e devido ao avanço fármaco
tecnológico está ficando cada vez mais ativa. Esta condição possibilita a alguns
idosos aproveitar melhor esta fase, que pode ser comparada a umas merecidas
férias, em que não precisam se preocupar em trabalhar ou cuidar de filhos
pequenos, podendo usufruir deste período, participando de viagens, festas e grupos
Outros, com menor poder aquisitivo, podem valer-se da saúde para continuar
trabalhando e agregar valores à pequena aposentadoria ou auxiliam os filhos
cuidando dos netos enquanto estes trabalham. Seja de uma forma ou de outra, as
múltiplas possibilidades que se abrem para o idoso neste novo milênio possibilitam-
lhe uma grande socialização, ampliando as redes de amizade, os contatos sociais e
por conseqüência os relacionamentos afetivo-sexuais.
Neste ponto percebe-se uma ambigüidade: as mesmas políticas sociais e de
saúde pública que incentivam os avanços da medicina e farmacologia em busca da
tão sonhada “vida eterna”, possibilitam o aumento da longevidade populacional e
não prevêem a possibilidade de risco no aumento das relações sociais e afetivo-
A atenção da ciência tecnológica até pode restringir-se ao campo do
desenvolvimento de técnicas que possibilitem maior tempo e qualidade de vida,
desenvolvendo equipamentos como os de tomografia e ressonância magnética, tão
úteis para as neurociências, por exemplo, que se dedicam a estudar as áreas do
cérebro responsáveis pelo mal de Alzheimer. Ou ainda, a contribuição que trazem
com o aumento de novas especialidades como a fisioterapia e quiropraxia, que
oferecem complemento e suporte para a área médica.
Todavia é importante ressaltar que tempo e qualidade de vida não dependem
somente de instrumentos, e a ciência não deveria restringir-se somente a eles. A
tecnologia não pode ser pensada isoladamente sem contemplar as questões sociais
e sem ressaltar a importância da atuação integrada dos profissionais da área médica
e da saúde social, meio no qual a psicologia se insere. Trabalhando desta forma é
possível armar novos pressupostos teóricos de estudo e pesquisa, atuando como
facilitadores e catalisadores em espaços para debate sobre novos comportamentos
Estes espaços vêm num crescente dentro da academia e na própria
sociedade que vive e experimenta a todo o momento novas realidades, um espaço e
tempo dinâmico que se renova a cada dia, onde o pensar sobre saúde social deve
ser vanguarda e a fala não pode ficar à mercê da estagnação.
Falar de prevenção da AIDS para o idoso de hoje é falar para um jovem e um
adulto de outra época que viveram um período em que não era comum o uso do
preservativo, que na época chamava-se Camisa de Vênus. O uso da camisinha era
restrito e limitava-se a freqüentadores de cabarés e “casas de conveniência”. Era um
tempo em que as pessoas tinham vergonha de ir à farmácia adquirir o preservativo,
distribuição gratuita em postos de saúde inexistia e as doenças sexualmente
transmissíveis mais comuns eram outras e na maioria tinham cura.
Tendo em vista esta particularidade, aperfeiçoar e atualizar a linguagem nas
campanhas de prevenção do HIV para os idosos é fundamental. O idoso, na sua
juventude, não tinha o hábito de se proteger, tampouco de falar sobre assuntos que
envolvessem sexo, mesmo que estes estivessem debilitando sua saúde. Tabus e
vergonhas recheiam estas vidas, que até bem pouco tempo eram consideradas
sexualmente inativas, fazendo com que filhos e netos nem pensassem em ter um
diálogo aberto com seus ascendentes sobre o tema.
Qualquer oportunidade de diálogo neste caso é importante, seja com a
família, através dos meios de comunicação por debates promovidos pela
programação ou com os médicos na ocasião da consulta, pois estes espaços podem
possibilitar ao idoso a naturalização do assunto “sexo” e o futuro engajamento em
métodos preventivos de proteção contra as DST’s.
Acreditamos que as campanhas de prevenção de doenças infecto
contagiosas como o HIV, não podem ficar limitadas a grupos constituídos em bases
de preconceito e discriminação, fator que exige uma atualização constante e uma
crescente ampliação dos campos contemplados.
Desta forma podemos contribuir para maior qualidade e satisfação na vida
dos idosos, pois são pessoas que já fizeram tanto por nós trabalhando e constituindo
nossas famílias, construindo nossas cidades e colaborando para o desenvolvimento
de nossa sociedade. Cuidar da saúde do idoso é o mínimo que nós jovens e adultos
podemos fazer em reconhecimento e agradecimento por quem ajudou a fundar o
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